O impacto da hiperconectividade no bem-estar psicossocial: uma análise neuropsicológica e cognitivo-comportamental
O impacto da hiperconectividade no bem-estar psicossocial: uma análise neuropsicológica e cognitivo-comportamental

O impacto da hiperconectividade no bem-estar psicossocial: uma análise neuropsicológica e cognitivo-comportamental

A interação constante com o ambiente digital tem se tornado uma característica marcante da contemporaneidade, promovendo desafios significativos para a saúde mental. A fusão entre os mundos online e offline contribui para um estado de hiperconectividade, potencializando estressores que impactam negativamente o funcionamento cognitivo e emocional dos indivíduos (Andreassen et al., 2012).

Estresse e hiperconectividade

O estresse gerado pelo uso contínuo das tecnologias digitais pode ser compreendido a partir do modelo de estresse e coping de Lazarus e Folkman (1984), que sugere que eventos percebidos como ameaçadores são interpretados cognitivamente e desencadeiam respostas emocionais e comportamentais. A necessidade de alta performance, frequentemente exacerbada por demandas digitais e sociais, pode levar a uma ativação excessiva do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal (HPA), resultando em um estado crônico de estresse e possíveis danos neuropsicológicos (McEwen, 2007).

O impacto neuropsicológico da hiperconectividade

Estudos indicam que a exposição prolongada a estímulos digitais pode comprometer funções executivas como atenção sustentada, controle inibitório e tomada de decisão (Hadar et al., 2017). O uso excessivo de dispositivos eletrônicos está associado a alterações na estrutura e na funcionalidade do córtex pré-frontal, influenciando a regulação emocional e aumentando a vulnerabilidade ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão (Kuss & Griffiths, 2015).

Estratégias de manejo

Para mitigar os efeitos negativos da hiperconectividade, é essencial adotar estratégias baseadas na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Dentre as intervenções mais eficazes, destacam-se:

  1. Técnicas de regulação emocional: O treinamento em mindfulness e a prática de atenção plena auxiliam na redução do impacto das distrações digitais e na promoção do autocontrole emocional (Kabat-Zinn, 1990).
  2. Pausas estruturadas: Realizar pausas curtas ao longo do dia, como alongamentos ou interação com elementos naturais, pode reduzir a carga cognitiva e melhorar a produtividade (Ariga & Lleras, 2011).
  3. Reestruturação cognitiva: A identificação e modulação de pensamentos automáticos negativos podem minimizar distorções cognitivas e promover maior bem-estar emocional (Beck, 1976).
  4. Atividade física regular: Exercícios físicos aumentam a produção de neurotransmissores associados ao bem-estar, como a serotonina e a dopamina, ajudando na regulação do humor e na redução do estresse (Ratey, 2008).

O impacto da hiperconectividade na saúde mental é uma questão relevante dentro da neuropsicologia e da TCC. A adoção de estratégias baseadas em evidências científicas é essencial para diminuir os efeitos negativos da vida digital e promover um equilíbrio entre produtividade e bem-estar emocional.

Referências

  • Andreassen, C. S., Torsheim, T., Brunborg, G. S., & Pallesen, S. (2012). Development of a Facebook addiction scale. Psychological Reports, 110(2), 501-517.
  • Ariga, A., & Lleras, A. (2011). Brief and rare mental “breaks” keep you focused: Deactivation and reactivation of task goals preempt vigilance decrements. Cognition, 118(3), 439-443.
  • Beck, A. T. (1976). Cognitive therapy and the emotional disorders. International Universities Press.
  • Hadar, A., Hadas, I., Lazarovits, A., Alyagon, U., & Eliraz, D. (2017). Answering the missed call: Initial exploration of cognitive and electrophysiological changes associated with smartphone use and abuse. PLoS ONE, 12(7), e0180094.
  • Kabat-Zinn, J. (1990). Full catastrophe living: Using the wisdom of your body and mind to face stress, pain, and illness. Delta.
  • Kuss, D. J., & Griffiths, M. D. (2015). Social networking sites and addiction: Ten lessons learned. International Journal of Environmental Research and Public Health, 12(3), 1298-1306.
  • McEwen, B. S. (2007). Physiology and neurobiology of stress and adaptation: Central role of the brain. Physiological Reviews, 87(3), 873-904.
  • Ratey, J. J. (2008). Spark: The revolutionary new science of exercise and the brain. Little, Brown and Company.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *